Eu sumi de novo, é. Eu nem sabia que ia voltar de novo um dia, mas é também.
Mas eu escrevi uma coisa que é tão a cara de quando eu punha a cara aqui que não resisti e resolvi postar. Mesmo que ninguém veja, ou uma pessoa só. Tanto faz. De qualquer forma, é bom me sentir em casa.
Ah, os tempos em que vivemos... Em um mundo em que a vida
sem rótulos é uma utopia e todas as barreiras clamam para ser derrubadas,
lida-se com um dilema de uma essencialidade universal da vida: o amor. Amamos
de todas as maneiras, em todos os sentidos, mas as permanências de nosso
pensamento ainda nos fazem julgar certos modelos de relação.
Queremos um mundo que transcenda a cor da pele, o credo da
mente, a religião, a ideologia política, o sexo, o gênero (já convencionado em
nossa sociedade como independente do sexo), a normatização de número de
parceiros e até mesmo a distância, afinal, se trata de um mundo globalizado
este em que vivemos, não é? O século XXI, o ponto mais crescente da produção do
ser humano, onde a escala fordista assume até mesmo as produções intelectuais e
as aquisições de ideologias com o mínimo de pesquisa e o máximo de informações.
Fala-se muito em lutas de minorias, relações livres, poliamores,
interracialismo – apesar de muito controverso e debatido – próximos a tabus do
mundo contemporâneo como a apropriação cultural, a solidão transgênera e até
mesmo o amor à distância.
Não cito as outras causas por algumas não ter lugar de fala
em algumas e ainda ter formações de opinião em outras, ou seja, não quero me
propor a equívocos. Escrevo do pouco que sei. Talvez com uma certa arrogância
historiográfica adquirida na graduação – que, por sinal, é a classe mais
subalterna da academia. Entretanto, sem academicismos e mais do que interessa:
Qual a grande coisa do amor pós-moderno?
“Ah, mas perto de rLi[1],
relacionamento à distância é moleza. Ninguém julga esse tipo de coisa hoje em
dia, a globalização facilita muitas coisas” ENGANO SEU, interlocutor que pode –
ou, mais provavelmente, pode ser imaginário – estar lendo este conglomerado de
palavras. A globalização é real, está diante dos nossos olhos e permeando todo
o nosso cotidiano, mas ainda assim, ainda é uma problemática falar de amor à
distância. Você pode ter amigos à distância (sim, perfeitamente!), mas até eles
vão tentar te dissuadir de se encantar cada vez mais profundamente e, por fim,
se apaixonar por alguém que está à milhas de distância do sofazinho cor de
esmalte nude encardido no qual você ouve canções de amor e olha o sorriso da
pessoa amada na tela plana que está no seu colo... Nada disso. Logo jogam em
face o cerne sexual da questão, o menor dos cafunés ou a falta de abraçar,
sentir o cheiro da pele ou a respiração no seu rosto antes de um beijo
apaixonado. “Você não pode, amor tem que ter contato”, “Você não pode, você tem
que estar perto” dentre outras coisas. Amizade super pode, mas amor globalizado
na era da globalização é um tabu maior até mesmo que o próprio sexo e suas
colocações sociais.
Já disse David Bowie que “Deus e o homem não acreditam no
amor moderno”[2],
mas... o que será do amor pós-moderno neste mundo-cão onde a informação é para
todos mas ninguém é de ninguém? Será a maior libertação de nosso tempo o ato
revolucionário de se prender a algo tão abstrato e não-empírico que o amor pela
certeza única do amor, mesmo que em um deslocamento espacial maior do que o
capital pode cobrir? Será o amor pós-modernos o último dos paradigmas ou é só a
distância mesmo?
Eu sei lá, cara. Teleologia é muito marxista para mim.
Talvez um dia eu volte aqui mais uma vez, mas ainda não sei.